O processo de imunização contra a Covid-19, que começou no estado no último dia 19, trouxe alívio e reduziu o medo dos profissionais da saúde que atuam no combate à pandemia. A enfermeira Maria Angélica Sobrinho, de 53 anos, não esconde a emoção de ter sido a primeira pessoa vacinada contra a doença na Bahia. Ela trabalha no Hospital Couto Maia, referência no atendimento de pacientes contaminados pelo novo coronavírus, e recebeu a primeira dose da Coronavac.
Por estarem na linha de frente de enfrentamento da Covid-19, os profissionais da saúde ativos, a exemplo da Maria Angélica, estão no grupo prioritário de vacinação no estado. Na Bahia, mais de 150 mil pessoas foram vacinadas contra a doença. Do total, mais de 137 mil são trabalhadores da saúde. Os dados são da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab).
"Ser a primeira vacinada no estado é uma honra. Ali, no momento de receber a vacina, não era só a Angélica, mas toda uma classe de profissionais de enfermagem foi representada. E na condição de enfermeira e mulher negra, isso é muito importante. Pois a gente luta muito para chegar aqui. Luta para ter uma qualificação que permita cuidar do outro. E a vacina trouxe alívio para a continuidade do trabalho", conta a enfermeira.
No Couto Maia, Maria Angélica é responsável por atividades como o gerenciamento de leitos e a atenção aos pacientes que chegam pelo sistema de regulação do estado. Após 10 meses de incertezas, a enfermeira deseja que a vacina que deu maior segurança para o seu trabalho possa chegar para toda a população baiana, o mais breve possível. Ela ainda torce para que as pessoas continuem mantendo os cuidados contra o vírus.
Para Fernanda Grassi, pesquisadora da Fiocruz Bahia e médica imunologista, a manutenção dos cuidados de enfrentamento da Covid-19, a exemplo do uso de máscaras, álcool em gel e distanciamento, é essencial, incluindo os profissionais de saúde e pessoas que já tomaram a primeira dose da vacina contra a doença.
"Após a primeira dose, você tem duas a três semanas para ter a resposta imune com produção de anticorpos. Depois da segunda dose, são mais dez dias para o melhor efeito de proteção. Ou seja, existe um tempo para a imunização de quem começou o processo. E para que a gente fique na zona de maior segurança contra a Covid-19, precisamos que cerca de 70% da população esteja imunizada. Até lá, é preciso garantir os hábitos de proteção, a aquisição das doses das vacinas e a agilidade no processo de imunização", diz Grassi.
A diretora da Vigilância Epidemiológica da Sesab, Márcia São Pedro, conta que o quantitativo de doses que vieram para o estado ainda é pequeno, diante da necessidade de vacinação para a primeira fase. “A vacina é um passo importantíssimo. Porém, é preciso atentar para o fato de que o quantitativo de doses que vieram foi pequeno, podemos imunizar 180 mil baianos apenas, isso é muito pouco. E essa vacina é administrada em duas doses, com a segunda dada cerca de 28 dias após a primeira”, diz.
Panorama
Ontem, o governo da Bahia confirmou que o próximo grupo prioritário a receber a vacina contra a Covid-19 no estado será o dos idosos com 90 anos ou mais, com começo da imunização nesta terça-feira. Até agora, as doses da vacina são aplicadas em trabalhadores da saúde, indígenas aldeados, idosos que moram em abrigos e pessoas com deficiência.
Das mais de 284 mil doses distribuídas para as cidades baianas, mais de 154 mil já foram aplicadas. Além dos mais de 137 mil profissionais de saúde vacinados, aproximadamente 10 mil índigenas aldeados receberam a primeira dose da Coronavac, assim como mais de 7 mil idosos que vivem em abrigos e mais de 400 pessoas com deficiência. “A vacinação precisa chegar para todos, pois só assim será possível vencer esta luta. O momento é de esperança”, pontua Grassi.
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